Dia do Pobre é celebrado a 17 de novembro, com o olhar voltado para os mais frágeis | Foto: LUSA

Estes tempos são inspirados pelo desafio do Dia Mundial do Pobre. Dar significado a este dia e tentar que possa ser alerta, estímulo de reflexão e inspiração de ação é o que me traz a estas linhas. Nestes dias, cruzam-se desafios múltiplos e angústias, que me fazem pensar em como poderemos ‘recompor’ este mundo. O VIII Dia Mundial do Pobre celebra-se a 17 de novembro deste ano, dia que merece uma mensagem do Santo Padre.

Nesta mensagem, Francisco reforça a convicção “de que os pobres têm um lugar privilegiado no coração de Deus, que está atento e próximo de todos e cada um deles”. Sob o lema “A oração do pobre eleva-se até Deus”, somos convocados a preparar o nosso olhar e coração com vista ao Jubileu Ordinário de 2025, também com a certeza de que a oração do pobre chega à presença de Deus como meio e veículo de comunhão, e que devemos refletir para que a oração se construa como “aproximador” e meio de comunhão.

O pobre é muito mais do que um ‘produto de baixo rendimento’. A pobreza é muito mais do que a falta de condições de subsistência ou de recursos. Manifesta-se pela fome, pela malnutrição, mas também pelo acesso limitado a meios, serviços prioritários, saúde, educação, e até à falta de participação. A tudo isto acrescem os muitos fatores de exclusão social.

Neste ambiente, os mais frágeis são os que mais precisam de atenção, de olhares atentos às dificuldades e ao papel que todos podem ter na sua proximidade e na construção de soluções de vida que considerem cada um em toda a sua plenitude, com vista a um mundo de esperança. A esperança constrói-se com todos os dons e todos os bens, com a experiência e a energia de cada um.

Ficam-me as palavras do nosso Papa – “No caminho para o Ano Santo, exorto todos a fazerem-se peregrinos da esperança, dando sinais concretos de um futuro melhor. Não nos esqueçamos de guardar ‘os pequenos detalhes do amor’ (Gaudete et Exsultate, 145): parar, aproximar-se, dar um pouco de atenção, um sorriso, uma carícia, uma palavra de conforto…” Cada um de nós transporta tesouros únicos e dons especiais. Muitas vezes, desmerecemos isso, e uma palavra que nos aconselhe ou inspire pode fazer toda a diferença, para nós e os que nos rodeiem. É preciso acreditar nos “pequenos detalhes do amor”.

Rita Valadas, Presidente da Cáritas Portuguesa
Texto Conjunto Missão Press