Eu sou a Hila, tenho 15 anos e sou libanesa.
Vim para Portugal depois da explosão em Beirute [em 4 de agosto de 2020], que destruiu a nossa casa.
Os meus pais não queriam que a minha irmã e eu vivêssemos o que eles viveram nas guerras anteriores; então decidiram imigrar para um país mais seguro, porque a paz estava muito longe de ser encontrada no meu país de origem.
Hoje vou falar sobre a minha própria definição da paz.
Para mim, a paz é um sentimento de segurança e quando não temos de nos preocupar com o dia seguinte, quando podemos dormir sabendo que vamos acordar e continuar a viver o nosso dia-a-dia; também pode ser quando os pais deixem os filhos andar na rua à noite sem se inquietar ou saber que a lei nos vai proteger, de uma maneira ou outra.
Sem a paz no mundo não podemos ter a paz espiritual.
A minha vida é um exemplo disso: hoje em dia, moro num país seguro, mas ainda assim não sinto essa paz, pois os meus familiares que ainda moram no Líbano vivem em perigo; então como é que eu posso sentir essa paz se o meu primo, que só tem dez anos, está a proteger-se das bombas escondendo-se na casa de banho? Não podemos ter esse sentimento sabendo que as pessoas que amamos estão em perigo.
Às vezes podemos encontrar a paz nas pessoas que amamos, lembramos, vemos e falamos, porque a paz é como se estivesse uma luz que todos conseguem ver e abrigar-se debaixo [dela], e não nos devemos esquecer que esta luz é contagiante.
Cabe-nos a todos, seja ajudar o vizinho, lavar a loiça em casa ou até ajudar quando podemos.
Vamos lutar por um mundo onde todos tenham a oportunidade de experimentar a paz profunda que todos merecemos.
Falta então uma pergunta para ser respondida: qual o papel de cada um de nós para alcançar a paz?
O texto de Hila-Maria Chamoun é publicado na FÁTIMA MISSIONÁRIA, ao abrigo de uma parceria com o jornal 7Margens.,