Dia Mundial dos Pobres tem sido marcado por um almoço do Papa com pobres | Foto: Claudio Peri/EPA

O posto de saúde do Vaticano, destinado aos mais necessitados, vai abrir de manhã bem cedo e assim ficará o dia inteiro, à hora de almoço a mesa será posta para 1.300 pessoas carentes com quem partilhará uma refeição especial, e ainda antes disso haverá um momento para a bênção de 13 chaves que simbolizam um projeto de construção de habitações para os desfavorecidos prestes a entrar em marcha. Eis o programa do Papa Francisco para domingo, 17 de novembro, em que por sua vontade expressa se assinala o Dia Mundial dos Pobres.

Dia este que foi assinalado pela primeira vez em 2017 e “desejado fortemente pelo Papa Francisco para convidar a Igreja a sair dos seus muros para encontrar a pobreza nas várias formas em que ela se manifesta no mundo de hoje”, como lembra o Vatican News.

Este ano, Francisco escolheu como lema para marcar a data uma passagem do Livro do Eclesiástico: “A oração do pobre eleva-se até Deus”. E quis reiterar que os pobres têm um lugar privilegiado no coração de Deus, que está atento e próximo de cada um deles. Fê-lo através da mensagem que escreveu e vai fazê-lo também através das ações.

Como habitualmente, o Papa presidirá à missa na Basílica de São Pedro, às 10h locais (menos uma em Lisboa). Antes, abençoará simbolicamente 13 chaves, que representam os 13 países em que a Aliança Famvin para os Sem-abrigo (FHA, na sigla em inglês), da Família Vicentina, construirá novas casas para pessoas desfavorecidas, no âmbito do projeto “13 casas”. Entre os países beneficiados, encontra-se a Síria, cujas 13 casas serão financiadas diretamente pela Santa Sé como um dos dos “gestos concretos de caridade do Papa” durante o Jubileu de 2025.

Este ato de solidariedade contará também com a “generosa doação da UnipolSai (uma companhia de seguros italiana), que quis contribuir com entusiasmo” para “dar este sinal de esperança a uma terra ainda martirizada pela guerra”, assinalam os meios de comunicação do Vaticano.

Depois, e como também já é habitual, o Papa almoçará juntamente com 1.300 pobres na Sala Paulo VI (a mesma onde decorreu a assembleia geral do Sínodo). O almoço, organizado pelo Dicastério para o Serviço da Caridade, será oferecido, este ano, pela Cruz Vermelha Italiana e será animado pela sua Fanfarra Nacional. No final do almoço, cada pessoa receberá uma mochila oferecida pelos Padres Vicentinos (Congregação da Missão), contendo alimentos e produtos de higiene pessoal.

Enquanto isso, a poucos metros dali, o Ambulatório Mãe da Misericórdia, uma estrutura ligada ao Dicastério para o Serviço da Caridade que oferece diariamente assistência médica gratuita aos pobres e necessitados, terá o seu horário de serviço alargado, das 8h às 17h, durante toda a semana que antecede o Dia Mundial dos Pobres. Todos os dias serão feitas vacinas contra gripe, exames de sangue, testes e doações de medicamentos. E as consultas especializadas oferecidas durante a semana incluirão mais de 18 especialidades médicas, desde a cardiologia à ortopedia, passando pela oftalmologia, cirurgia geral, dermatologia ou psiquiatria. Todos os serviços são gratuitos e reservados para aqueles que vivem em situações de pobreza, marginalização ou dificuldade.

Rui Valério vai ao Zambujal e Cáritas relança campanha solidária

Também a Igreja Católica portuguesa irá assinalar a data com algumas iniciativas particulares. O patriarca de Lisboa, Rui Valério, visitará no domingo o Bairro do Zambujal, na Amadora, onde presidirá à celebração da missa, às 11h00, no espaço de culto local. A iniciativa é da Cáritas Diocesana de Lisboa, que “pretende chamar a atenção para o problema da pobreza em Portugal e sensibilizar para a colocação de todos os esforços em erradicação de todas as situações de fragilidade social e económica”, adianta um comunicado enviado ao 7MARGENS.

Lembrando que “a taxa de risco de pobreza subiu pela primeira vez em sete anos, passando de 16.4% em 2021 para 17% da população em 2022, com impacto especialmente significativo entre crianças e jovens”, a Cáritas de Lisboa procura, com esta iniciativa, “não só sensibilizar para as dificuldades que ainda persistem, como também inspirar a ação solidária em prol dos mais vulneráveis, num convite a toda a sociedade para se unir em gestos concretos de apoio e proximidade”.

Também “no espírito do Dia Mundial dos Pobres”, a rede nacional Cáritas irá relançar neste dia a campanha “10 Milhões de Estrelas – Um Gesto pela Paz”. O lançamento será dinamizado em parceria com a Cáritas Diocesana de Santarém, a partir das 16h, no Convento de S. Francisco, e incluirá uma mesa-redonda sobre a “Construção da Paz”, uma caminhada, e ainda momentos artísticos e de oração.

A organização católica convida todos os portugueses a participarem “nesta iniciativa que é universal”, através da compra de uma “vela estrela” de cor branca ou vermelha, disponível por dois euros. Dos valores arrecadados, 65% destinam-se a financiar ações de impacto social em Portugal, enquanto os restantes 35% irão suportar o Fundo Lusófono Laudato Si, que financia projetos de Ecologia Integral nos países de língua oficial portuguesa.

As velas já estão disponíveis do site da Cáritas Portuguesa, nas 20 Cáritas Diocesanas, paróquias, lojas Pingo Doce e Farmácias aderentes. Várias empresas de norte a sul do país também se associaram, promovendo esta campanha entre colaboradores e clientes.

Texto redigido por Clara Raimundo/jornal 7Margens, ao abrigo da parceria com a Fátima Missionária.