Ricardo Romero foi o artista convidado para pintar a empena sobre o ODS 17 – Parcerias para a implementação dos objetivos. A obra revela três gerações e a existência de parcerias que partilham diferentes histórias de vida no mesmo território geográfico. Em entrevista, Ricardo destaca como a arte urbana pode ter um papel relevante na sociedade.
O que o levou a fazer parte do projeto ‘Zambujal 360’?
A forma como este projeto está estruturado, a maneira como é feito com a comunidade e como interage com o território está muito bem delineada. Quis apenas tentar perceber se poderia acrescentar algum valor ao projeto e, após um breve momento de reflexão, achei que sim.
A sua área de formação é gestão. Como chegou às artes e de que forma é que a sua obra no Zambujal pode influenciar os moradores para uma mudança no bairro?
Apesar da minha área de formação ser distinta daquilo que são as artes plásticas, pinto na rua há praticamente 30 anos. O que me leva a interagir com o espaço público é acreditar que estamos perante uma ferramenta de comunicação brutal para interagir com o próximo. Em termos artísticos, precisamos de alguém que absorva o que estamos a fazer, e foi nesse sentido que comecei no graffiti, tendo mais tarde tentado começar a criar outro tipo de projetos à volta daquilo que é a arte pública urbana. Hoje em dia, passados 30 anos, continuo com a mesma premissa e a acreditar plenamente que este tipo de intervenções em espaço público urbano tem tudo para influenciar e mudar pela positiva a vida de todas as pessoas que habitam os territórios.
Existem diversas parcerias entre diferentes grupos de trabalho no bairro. Como foi a sua experiência com as batucadeiras e com o estofador do bairro, uma vez que são dois grupos de trabalho muito distintos?
Apesar de serem grupos distintos, existe um denominador comum que é o bem-estar das pessoas. Quer um grupo quer outro têm muito essa preocupação: a da continuidade da sua arte. De um lado, as batucadeiras com a sua alegria, força, tradição e com um carácter mais cultural e lúdico. Do outro, o senhor estofador que, com toda a sua equipa, demonstra a sua força e perseverança em querer manter o seu negócio local, trazendo pessoas de outros territórios apenas para poder usufruir dos seus serviços. Apesar desta distinção, são os dois muito semelhantes nessa força de vontade, no querer e no ser. Foi um prazer conhecê-los a todos e foi muito bom ter aquela representação mural.
Texto: Mário Linhares