Artistas cristãos moradores em Belém, na Cisjordânia, construíram um presépio que enviaram ao Papa, no qual o Menino Jesus surge colocado num berço forrado com um kaffiyeh preto e branco, o lenço usado comummente entre os palestinianos. O presépio foi colocado na Sala Paulo VI, no Vaticano, e contou com a visita do Papa Francisco, no último sábado sábado, antes da inauguração do grande presépio instalado na Praça de São Pedro.
Na visita, Francisco observou que esta representação do Natal de Jesus lembra “os nossos irmãos e irmãs que sofrem a tragédia da guerra na Terra Santa e noutras partes do mundo”. Neste contexto, invocou, uma vez mais, a paz. “Chega de guerras, chega de violência!”, implorou, reiterando a condenação da indústria do armamento. “Sabiam que um dos investimentos mais lucrativos é na indústria de armas? Eles ganham dinheiro para matar. Mas porquê? Chega de guerras!”, rematou.
A estrutura principal da “Natividade de Belém 2024” tem três metros de altura, possuindo uma base circular com estantes que exibem diversos presépios e, no topo, a famosa Estrela de Belém. Na descrição feita pelo portal Vatican News, ela “combina tradições centenárias de artesãos locais com elementos contemporâneos”.
Além do ferro para a estrutura principal, madeira de oliveira foi usada na confeção das imagens da Sagrada Família e outras representações, além de madrepérola, pedra e outros materiais. Nas várias fases da construção da obra, os artesãos contaram com a colaboração de diversas instituições cristãs locais.
Na inauguração deste presépio, um símbolo de paz e de esperança, esteve presente um responsável para os assuntos das Igrejas junto do presidente da Organização para a Libertação da Palestina, Mahmoud Abbas. Na ocasião, duas crianças palestinianas distinguiram o Papa Francisco com o prémio Estrela de Belém.
As fotos da visita de Francisco, em cadeira de rodas junto ao presépio, não escaparam às objetivas dos repórteres de grandes agências internacionais como a Associated Press, a Reuters, a France Presse, sem esquecer o Vatican News, portal de notícias do Vaticano. Vários foram os media israelitas que deram também destaque ao assunto, de uma forma geral ligando o simbolismo deste presépio com as declarações recentes do Papa sobre a necessidade de esclarecer se, de facto, existe um genocídio em Gaza. Um dos jornais alude ao facto de, segundo refere, Jesus ser assumidamente um judeu e estar, agora, a ser identificado como palestiniano.
Texto redigido por 7Margens, ao abrigo da parceria com a Fátima Missionária.