O início do novo ano é paradigma de uma nova vida. É uma oportunidade para cortar com o passado e recomeçar uma vida renovada. Fazem-se propósitos de ano novo e promessas de mudança, acreditando que somos capazes de realizar tudo o que prometemos. Mas, na verdade, são muitas as promessas, são muitas as boas intenções, mas poucas são as mudanças… De que servem tantas promessas, se a cada ano repetimos as mesmas? Será isto uma manifestação de desejos recalcados, de sonhos apaziguadores, de intenções em vez de planos?
No entanto, neste paradigma está a essência da vida cristã. Um processo de transformação que tem início com o nosso batismo e dura a vida inteira. De facto, o batismo dá início ao processo de morte e de vida que deve permear a vida do cristão, morte para o pecado, e ressurreição para a vida em Deus, no amor, no bem. O elemento que é usado para administrar o batismo – a água – é potente e tem uma força enorme. A água dá vida, pois sem ela é impossível viver. Mas ela tanto é capaz de gerar vida, como também é capaz de a destruir, como é o caso das tempestades e das cheias, que causam por vezes a destruição total.
Assim sendo, é aconselhável fazer uma boa seleção entre todos os desejos que temos, e selecionar apenas um deles. Mais vale uma promessa que será realizada, do que uma dezena delas, que nunca terão sucesso! Na opinião de São José Allamano, fundador dos Missionários e Missionárias da Consolata, a única promessa que vale a pena fazer é o propósito de santidade. Dizia ele – “Seja este o vosso propósito: empenhar-se prontamente e com ardor na conquista da verdadeira santidade; e não ficar para aí de cabeça no ar, fazendo propósitos inúteis.” É legítimo que cada pessoa faça a promessa que deseja, mas feitas bem as contas, o propósito de alcançar a santidade é o mais válido de todos. Santidade é amar, é ter um coração grande para amar, é encher-se de bons sentimentos para com os outros e estender a mão a quem necessita de ajuda.
Sobre a condição para alcançar a santidade, São José Allamano dizia – “É preciso desejar a santidade com o mesmo ardor com que o faminto deseja o alimento e o sequioso deseja uma fonte de água cristalina.” Quem assim fizer, alcançará a santidade. Que devemos fazer quando caímos ao longo do caminho? São José Allamano diz-nos que “o pior mal não consiste em cair nalgum pecadinho, mas em não fazer esforço para se levantar. Depois de uma queda, é preciso começar de novo, sem desanimar”.
Cair ao longo do percurso é próprio do ato de caminhar, mas o grande caminheiro é aquele que nunca desiste, não fica no chão, é aquele que tem perseverança e volta a erguer-se. Aqueles que assim fazem tornam-se
‘Peregrinos da esperança’! É precisamente este o tema deste Ano Santo Jubilar de 2025. ‘Peregrinos da esperança’ são aqueles que acolhem o amor de Deus e a paz que Ele nos dá. O Papa Francisco escreveu na carta que anuncia o Jubileu – “Devemos manter acesa a chama da esperança que nos foi dada e fazer todo o possível para que cada um recupere a força e a certeza de olhar para o futuro com espírito aberto, coração confiante e mente clarividente”.
Caríssimo, lanço-te um desafio para este ano novo – faz uma promessa verdadeira, uma que valha a pena, a única que pode colmar os desejos do teu coração, faz a promessa de te tornares santo. O Papa Francisco exorta os jovens para tomarem uma decisão resoluta – “Arrisquem a vida por grandes ideais! Apostem em grandes ideais, em coisas grandes; não fomos escolhidos pelo Senhor para ‘coisinhas pequenas’, mas para coisas grandes!” Escolhe Deus, escolhe o amor. Se queres mesmo ser feliz, escolhe fazer tudo por tudo para ser santo, para amar e fazer felizes os outros. Bom ano novo!
Texto: Simão Pedro