A LOC/MTC alerta em particular para “a realidade da falta de saúde e segurança no trabalho”, bem como para “a precarização do trabalho e dos direitos sociais das famílias”. Foto © Saravut Vanset/Pexels

A Liga Operária Católica/Movimento de Trabalhadores Cristãos (LOC/MTC) lembra, na sua mensagem de Natal para este ano, que Jesus veio para habitar também no mundo do trabalho. O organismo da Igreja compromete-se, assim, a “continuar a missão de Jesus”, através da “defesa dos direitos dos trabalhadores”, da “promoção do trabalho digno” e da “proclamação do reino de Cristo” nesse mundo, até porque os desafios continuam a ser muitos.

Entre estes desafios, a LOC/MTC alerta em particular para “a realidade da falta de saúde e segurança no trabalho, a precarização do trabalho e dos direitos sociais das famílias, a falta de esperança com que as pessoas jovens olham para o seu futuro laboral, e a realidade dos trabalhadores migrantes sem direitos”.

Mulheres são as mais afetadas

Sublinhando o protagonismo de Maria no presépio, a mensagem – enviada no passado dia 16 de dezembro, ao jornal 7Margens – assinala ainda que, no mundo do trabalho, “ainda são as mulheres as mais afetadas”. “Os dados dizem-nos que são a maioria que recebem o salário mínimo nacional, inclusive com ordenados inferiores em média 16% aos dos homens para trabalho igual ou de valor igual, as maiores vítimas de assédio laboral e de doenças profissionais mormente de lesões físicas e problemas de saúde mental, bem como de discriminações múltiplas em função da condição social, deficiência, idade, nacionalidade, religião, orientação sexual ou identidade de género”, pode ler-se no texto. “Não esquecendo que ainda existem tantas vítimas de violência doméstica. São elas também as mais atingidas pela pobreza como idosas e reformadas. E agraciadas pelo dom mais bonito da maternidade, muitas vezes são penalizadas pelo exercício deste cuidado”, acrescenta ainda a mensagem.

O texto termina com um apelo a que a sociedade se regule mais pela “lógica do Natal”, que é a “da gratuidade, do dom, da oferta”, e não apelas pela “lógica da venda e da compra”, porque “Deus nasce para servir e para nos trazer vida digna”, convidando-nos a abraçar a pequenez e a causa libertadora do Evangelho”.

Nenhum país pode ficar à margem

Numa outra mensagem, escrita a propósito do Dia Internacional dos Migrantes – que se assinalou a 18 de dezembro – a LOC/MTC refere que “o aumento excessivo do número de requerentes de asilo que atualmente o mundo vive é uma prova inequívoca das péssimas condições de vida do nosso tempo”.

A mensagem apresenta uma reflexão do Movimento de Trabalhadores Cristãos da República da Maurícia, que denuncia o modo como, nesta ilha da África Austral, a xenofobia “é exercida contra os estrangeiros pobres que vieram trabalhar para o país na esperança de garantir uma vida melhor para as suas famílias”, nomeadamente bangladeshianos, malgaxes, e nepaleses. “As barreiras linguísticas e culturais são fonte de mal-entendidos e de atritos. São acusados de terem tomado o lugar dos mauricianos, de violarem o direito do trabalho”, diz o texto. Inclusivamente, “a presença de bangladeshianos durante as últimas eleições foi vista por alguns como uma fraude eleitoral e como uma injustiça por outros, porque a diáspora está excluída”.

Estas são questões que dizem respeito a todos os membros do Movimento Mundial de Trabalhadores Cristãos (ao qual pertence a LOC/MTC), lembra a mensagem. “Dizem que o mundo é uma aldeia global… E a República da Maurícia não pode ficar à margem”, defende o texto, apelando a todos “para fazer de cada ser humano, homem, mulher e criança, um irmão ou uma irmã com os mesmos direitos e as mesmas oportunidades”.

Texto redigido por 7Margens, ao abrigo da parceria com a Fátima Missionária.

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