A primeira celebração jubilar do Ano Santo de 2025 convocou jornalistas e comunicadores de todo o mundo para Roma. Grupos de 138 países – incluindo Portugal – quiseram ser peregrinos, esquecendo, por momentos, ferramentas de trabalho de todos os dias, para participarem no “Jubileu do Mundo das Comunicações”, que decorreu entre os passados dias 24 e 26 de janeiro.
Durante três dias, o programa incluiu conferências e a escuta de perspetivas para a Igreja Católica pautadas pela esperança. Foi também uma ocasião para caminhar rumo à Porta Santa da Basílica de São Pedro e viver as emoções de uma passagem, limiar da possibilidade de muitos recomeços, não a partir do pior que pode ter acontecido, mas do melhor, do bom e do belo que pode acontecer.
Para além de um ambiente muito positivo vivido nas ruas de Roma, na grandiosidade do Vaticano, entre pastas ou pizzas, faltava um momento. Ou melhor, o momento: o encontro com o Papa Francisco e a escuta de palavras e mensagens saudavelmente incómodas e desafiadoras. Mas o momento acabou por não acontecer. Pelo menos não da forma que se esperava: não houve a possibilidade de falar e estar com todos (eram quase 10 mil participantes), nem de uma fotografia de grupo, com o Papa ao centro! Deceção? Num primeiro momento, sim… Depois, não!
O percurso desta vivência jubilar (que se vai repetir ao longo de tantos encontros em Roma, ao longo do ano, que será cada vez mais uma surpresa) criou a oportunidade de retomar muitas conclusões do Sínodo dos Bispos sobre a sinodalidade. De facto, em causa está uma mudança de paradigma há tanto tempo reivindicada para a Igreja Católica, seja nas suas comunidades locais, como na dimensão universal da comunidade católica: prosseguir um acontecimento, uma celebração, um processo de decisão mesmo quando o topo da pirâmide não pode participar. E só quando eu estou implicado, quando nós estamos por dentro do acontecimento é possível fazer a experiência concreta de abandonar modelos hierárquicos e assumir modelos sinodais, participativos. O Jubileu pode ser – e já está a ser – uma ocasião para viver sinodalmente um grande acontecimento da Igreja Católica, não na dependência de uma pessoa, do topo de qualquer pirâmide, mas a partir da minha participação, pessoal ou em grupo. Basta que exista a mesma consciência: todos somos peregrinos!