Uma mulher reza na Igreja Metodista de Hyderabad, India. Foto © Paul Jeffrey/Life on Earth

Na Índia rural, apenas uma em cada 100 raparigas chega à universidade, muitas das mulheres não têm acesso a instalações sanitárias básicas e o casamento infantil continua a ser uma prática generalizada. A denúncia é feita pelo Movimento Mundial de Trabalhadores Cristãos (MMTC), na sua mensagem para o Dia Mundial da Mulher 2025, este ano escrita a partir daquele país asiático. Apesar de haver “um longo caminho já percorrido” na defesa dos direitos das mulheres, muito há ainda por fazer na Índia e em todo o mundo, por isso o MMTC deixa o apelo: “celebremos as extraordinárias conquistas das mulheres e comprometamo-nos de novo a lutar pela igualdade de género”.

No caso da Índia, “nem mesmo as meninas recém-nascidas estão seguras, são abusadas sexualmente e, em algumas partes do país, são mesmo mortas dando-lhes KalliPaal (sumo de cato)”, alerta a mensagem enviada esta quinta-feira, 6 de março, ao 7MARGENS pela Liga Operária Católica/MTC, membro fundador do MMTC. “Por outro lado, as mulheres continuam a enfrentar muitos desafios, como: a desigualdade salarial, o acesso limitado à educação e aos cuidados de saúde, a responsabilidade pelas tarefas domésticas, violações, assédio sexual no trabalho, etc.”, prossegue a missiva, assinada por G. Augustin MangalaRaj, do Movimento de Trabalhadores Cristãos da Índia.

Face a isto, aquela organização tem desenvolvido “muitos programas de formação de competências com o objetivo de reforçar a capacidade das mulheres para a autossuficiência financeira e o empoderamento”, que já proporcionaram o nascimento de negócios como os sabonetes artesanais ayurvédicos em Irinjalakuda, as “bonecas dançantes” tradicionais em Thanjavur, a preparação médica de antibióticos Siddha em Kumbakonam, as estatuetas em Agra, as conservas de peixe em Kanyakumari, os chocolates feitos à mão nas colinas de Kodaikanal, ou os produtos de folha de palmeira em Kuzhithurai.

O MTC da Índia proporciona formação e ajuda financeira às mulheres interessadas em criar o seu próprio negócio, dando uma garantia às beneficiárias para obter um empréstimo bancário. Depois disso, os responsáveis locais do movimento fazem um acompanhamento regular para por em marcha o pequeno negócio e recolher o montante das prestações para reembolso ao banco, detalha Augustin MangalaRaj na sua mensagem.

“Acreditamos que juntos podemos derrubar as barreiras que impedem as mulheres de se capacitarem, serem respeitadas e valorizadas pelos seus talentos e perspetivas únicas”, assegura. E conclui: “Que este Dia Internacional da Mulher seja um dia em que as mulheres se comprometam a lutar por um mundo novo, livre de violência doméstica, livre de guerras injustas, de exploração, de opressão e de discriminação entre os povos, por motivos de género ou qualquer outra índole. (…) Defendamos todos os direitos e aspirações que garantam que nenhuma mulher seja deixada para trás, o que constituirá uma verdadeira celebração do Dia da Mulher”.

Texto redigido por 7Margens, ao abrigo da parceria com a Fátima Missionária.