Homenagem a Óscar Romero na 'Via-sacra dos Mártires', realizada durante o Sínodo para a Amazónia, em 2019 | Foto: Jaime C. Patias

Os 45 anos de martírio de Santo Óscar Romero são assinalados esta quinta-feira, 24 de março. O antigo arcebispo de San Salvador, capital de El Salvador, na América Central, foi assassinado enquanto celebrava missa, a 24 de março de 1980, por defender os pobres. Óscar Romero foi morto “por ódio à fé” a mando da junta militar que dominava o país.

Aquele que é conhecido como o ‘Mártir dos pobres’ nasceu em Ciudad Barrios (El Salvador), em 1917. Frequentou o Seminário em El Salvador, estudou em Itália, e foi ordenado sacerdote em 1942. Regressou a El Salvador onde assumiu uma paróquia do interior, antes de ser transferido para a Catedral de San Miguel.

Em 1970 foi nomeado bispo auxiliar de San Salvador e, em 1974, o Papa Paulo VI designou-o como bispo da diocese de Santiago de Maria, no meio de um contexto político de forte repressão, sobretudo contra as organizações camponesas.

Em 1977, Óscar Romero foi nomeado arcebispo de San Salvador. Pouco tempo depois, foi assassinado o padre jesuíta Rutílio Grande. Este foi o momento da sua conversão. Romero passou então a denunciar a repressão, a violência do Estado e a exploração imposta ao povo pela aliança entre os setores político-militares e económicos, apoiada pelos Estados Unidos da América, bem como a violência da guerrilha revolucionária.

Na homília do Sábado de Aleluia de 1979, Romero afirmou: “Graças a Deus, temos páginas do martírio não somente na história do passado, como também na hora presente. Há sacerdotes, religiosos, catequistas, homens humildes do campo assassinados e massacrados que tiveram seus rostos desfeitos e esmagados, foram perseguidos por serem fiéis ao único Deus e Senhor”. E acrescentou: “Tenho sido frequentemente ameaçado de morte. Devo dizer-lhes que como cristão não creio na morte sem ressurreição. Se me matam, ressuscitarei no meu povo salvadorenho. Digo isso sem orgulho, com a maior humildade… Como pastor, estou obrigado a dar a vida por quem amo, que são todos os salvadorenhos, como também aqueles que me vão matar. Se chegarem a cumprir as ameaças, desde agora ofereço a Deus o meu sangue pela redenção e ressurreição de El Salvador”.

Na edição de março 2024 do ‘Vídeo do Papa’, Francisco afirmou: “Haverá sempre mártires entre nós. É o sinal de que estamos no caminho certo. Uma pessoa que sabe dizia-me que há mais mártires hoje do que no início do cristianismo. A coragem dos mártires, o testemunho dos mártires, é uma bênção para todos”.

Romero foi beatificado pelo Papa Francisco a 23 de maio de 2015, e canonizado a 14 de outubro de 2018. Por ocasião da beatificação de Óscar Romero, o Papa Francisco escreveu: “Construiu a paz com a força do amor, deu testemunho da fé com a sua vida entregue até o fim. Em tempos difíceis, Óscar Romero soube guiar, defender e proteger o seu rebanho, permanecendo fiel ao Evangelho e em comunhão com toda a Igreja. O seu ministério destacou-se pela atenção especial aos pobres e marginalizados”.

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