a missão de Guiúa homenageou os 23 catequistas barbaramente assassinados em 22 de Março de 1992
a missão de Guiúa homenageou os 23 catequistas barbaramente assassinados em 22 de Março de 1992Eram os últimos meses da guerra civil. Confiantes de que as conversações em curso para alcançar a paz iriam pôr fim à guerra, a diocese de Inhambane decidira reabrir o Centro Catequético do Guiúa para a formação de famílias de catequistas. Duas dezenas escolhidas em diferentes missões acabavam de chegar, quando na madrugada do dia 22 de Março de 1992 um ataque de um grupo de militares da RENaMO atacou o Centro Catequético e raptou todas as famílias. Em marcha, carregando os bens saqueados pelos militares, foram conduzidos à força para a base de onde tinham saído os guerrilheiros. Pelo caminho, um grupo de 23 catequistas e familiares foram brutalmente chacinados à baioneta. Testemunharam a sua fé com o sangue. Os seus corpos foram transportados e sepultados no Centro Catequético. a diocese de Inhambane tem grande veneração por estes seus filhos e considera-os mártires. O cemitério onde estão sepultados é lugar de romagem de centenas de cristãos ao longo do ano. anualmente, em 22 de Março, realiza-se uma celebração litúrgica, evocando o acontecimento. Foi o que aconteceu também este ano. No sábado partimos em via sacra, desde o cemitério até ao local do martírio, numa colina situada a três quilómetros do centro do Guiúa. aí celebrou-se a Eucaristia e ouviram-se os depoimentos de alguns catequistas e de uma irmã que, há 17 anos, viviam no Guiúa e testemunharam os trágicos acontecimentos, onde perderam a vida catequistas em formação e os seus familiares. a partir deste ano, 22 de Março foi escolhido como o Dia diocesano do Catequista. assinalando-o, o bispo de Inhambane, adriano Langa, presidiu à celebração da Missa no Guiúa. Uma celebração muito participada pelos cristãos das nossas comunidades. após a eucaristia um impressionante cortejo, onde toda a comunidade esteve presente, dirigiu-se em procissão até ao cemitério dos mártires. aí procedeu-se à deposição de flores. Uma cerimónia emotiva e plena de significado para o centro do Guiúa, para os catequistas em formação e para todos em geral. Um forte testemunho de que a missão daqueles catequistas, abruptamente interrompida há 17 anos, continua viva. a sua memória e o seu exemplo frutificam e renovam nas novas gerações o desejo de espalhar a palavra. anunciar a Boa-Nova. Na memória e na profecia.