Os jovens são aqueles que melhor sabem servir-se da Net para fazer veicular as suas opiniões. O protesto que hoje tem lugar, um pouco por todo o país, é prova disso
Os jovens são aqueles que melhor sabem servir-se da Net para fazer veicular as suas opiniões. O protesto que hoje tem lugar, um pouco por todo o país, é prova dissoFruto da insatisfação de um grupo de jovens surgiu o Protesto da Geração À Rasca no Facebook e ao longo de mais de um mês, foi como uma autêntica bola de neve, conseguiu aglutinar algumas dezenas de milhares de apoiantes. Declaram que é um “protesto apartidário, laico e pacífico” e que “pretende reforçar a democracia participativa no país, e em consonância com o espírito do artigo 23º da Carta Universal dos Direitos Humanos”.
Clamam essencialmente por trabalho com melhores condições e protecção contra o desemprego – afinal aquilo que muitos outros trabalhadores deste país também não têm – e o direito à educação compatível e de qualidade. alegam que “segundo INE, o desemprego na faixa etária abaixo dos 35 anos corresponde hoje à metade dos 619 mil desempregados em Portugal” e como tal sentem que tem uma palavra a dizer, querem ser ouvidos.
Mas vão mais longe, disponibilizando-se a colaborar com os poderes instituídos: “Não negligenciamos os problemas estruturais, domésticos e internacionais, que afectam a vida de muita gente na procura e obtenção de emprego. Queremos alertar para a urgência de repensar estratégias nacionais e não nos resignamos com os argumentos de inevitabilidade desta situação. É com sentido de responsabilidade que afirmamos que, sendo nós a geração mais qualificada de sempre, queremos ser parte da solução”.
No final do seu Manifesto pode ler-se: “Somos a geração com o maior nível de formação na história do país. Por isso, não nos deixamos abater pelo cansaço, nem pela frustração, nem pela falta de perspectivas. acreditamos que temos os recursos e as ferramentas para dar um futuro melhor a nós mesmos e a Portugal”.
Vamos fazer uma pequena observação acerca deste movimento que parece ter surgido espontaneamente, mas agora com pés para andar, graças ao impacto público que está a suscitar. Terem obtido a atenção para as suas pretensões, já foi bom, mas tal como afirmam são a “geração mais qualificada” e portanto é caso para perguntar: o que tem feito esta “Geração à rasca” para lutar com os meios que tem?
Outras gerações não tiveram as mesmas possibilidades e foram obrigadas a lutar para sobreviver em condições bem mais gravosas. apesar disso é de saudar este empenho colectivo, desde que não descambe para outros fins, pois pode ser uma pedrada no charco para que a sociedade comece a tomar consciência e haja no sentido de exigir ao poder constituído o respeito pelos valores humanos, mesmo tendo em conta as dificuldades que o país atravessa. Prevê-se que estarão hoje na rua mais de 60. 000 jovens que já manifestaram a vontade de estar presentes.