Nem parece verdade! Diante de uma laje de mármore branco, apenas bordada a filamentos cinzentos. Nome em latim e em letras de ouro ” Johannes Paulus II ” e o monograma de Cristo.
Nem parece verdade! Diante de uma laje de mármore branco, apenas bordada a filamentos cinzentos. Nome em latim e em letras de ouro ” Johannes Paulus II ” e o monograma de Cristo. Nem parece verdade! Passar os olhos, por instantes, sobre os caracteres mais pequenos sob o nome de João Paulo II: 16 de Outubro de 1978, data já familiar ao nosso ouvido; e sobre a outra: 2 de abril de 2005, embora recente já com direito de entrar na história. Mas que devemos ainda fixar, tal o seu carácter de irreal e etéreo.
Nem parece verdade! Um arrepio percorre o nosso corpo, em vez da adrenalina que nos invadia, quando, até há poucos meses, o Papa aparecia em público numa audiência, numa celebração, ou numa viagem, e se ligavam as telecâmaras ou os gravadores para não perder nem sequer uma palavra de quanto dizia.
a realidade é que o túmulo de João Paulo II está ali, branco como as vestes do Papa, iluminado pela luz dos reflectores que exaltam a candura do mármore de Carrara, escolhido para que recordasse a luminosidade de um pontificado sob o lema do “Não tenhais medo”.
Deste túmulo aproximaram-se os cardeais em procissão, descendo a escada colocada diante do altar da Confissão: inclinaram-se comovidos, por instantes, em oração. Talvez tenham pedido, por intercessão do Pontífice, luz para a importante tarefa que os espera dentro de dias na Capela Sistina.
Passando através do corredor estreito que leva às grutas vaticanas, entra-se num espaço amplo, onde repousam os Papas. aqui a fila alarga-se, ouve-se o murmúrio das vozes. E, novamente, nem parece verdade que não haja o encontro directo, como todas as quartas-feiras na audiência, ou nos domingos ao “angelus”.
No meio dos fiéis está presente um grupo “colorido”: são 70 alpinos polacos das montanhas de Zakopane, que deveriam cantar na audiência de quarta-feira. «Para nós, é como se a audiência não tivesse sido anulada», exclama um deles.
Chegados ao túmulo, acompanhados por violino e violão, cantam uma canção cujo refrão reza assim: «O nome de João Paulo II não deixará de ecoar nas montanhas nem nos vales ».
agora a oração é a única forma de entrevista possível com João Paulo II. E a fila escorre lentamente, para prolongar o tempo de paragem permitida diante daquela laje de mármore branco. Muito semelhante à de Paulo VI, apenas mais iluminada e enfeitada por folhas verdes.
Nem parece verdade! Os olhos erguem-se e, ao fundo da capelinha, fixam-se sobre o baixo-relevo da Virgem com o Menino nos braços, com um anjo de cada lado. é a Senhora que vigia o sono do Papa do “Totus Tuus”. João Paulo II pode repousar em paz!