Celebramos este ano o Dia Mundial das Comunicações Sociais em plena pandemia que obriga a restrições sociais, económicas e religiosas únicas na história. Neste contexto que a todos surpreendeu e para o qual não estávamos preparados, exige-se um redobrado esforço dos vários intervenientes no governo do país, dos agentes sociais e económicos, dos que presidem às comunidades religiosas e dos que têm um papel fundamental na informação, pautando pela exigência da verdade, da dignidade da pessoa e do bem comum.
O Papa Francisco na Mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais deste ano, refere que precisamos de “sapiência para patrocinar e criar narrações belas, verdadeiras e boas”. E, acrescenta que “necessitamos de coragem para rejeitar as falsas e depravadas”. E, por último, “precisamos de paciência e discernimento para descobrirmos histórias que nos ajudem a não perder o fio, no meio das inúmeras lacerações de hoje; histórias que tragam à luz a verdade daquilo que somos, mesmo na heroicidade oculta do dia a dia”.
Na verdade os que trabalham nos vários meios de comunicação social necessitam de sapiência, de coragem, de paciência e discernimento. Tal como afirma o Santo Padre, “o homem é um ente narrador” que para tecer a história no tear comum da humanidade necessita de se confrontar com o Narrador por excelência, Jesus de Nazaré, de modo a “aproximarmo-nos depois dos protagonistas, dos nossos irmãos e irmãs, atores juntamente connosco da história de hoje”. Porque, na verdade, “ninguém é mero figurante no palco do mundo; a história de cada um está aberta a possibilidades de mudança”.
Na situação atual que vive a humanidade em geral e o povo português em particular, urge a Boa Noticia que integre o respeito absoluto pela verdade dos factos mas igualmente alimente a esperança no futuro melhor alicerçado no testemunho de tantos dos nossos antepassados que nos deixaram uma história narrada de heroicidade.
A este respeito, pode-se ler na referida Mensagem que “as histórias de todos os tempos têm um «tear» comum: a estrutura prevê «heróis» – mesmo do dia-a-dia – que, para alcançar um sonho, enfrentam situações difíceis, combatem o mal movidos por uma força que os torna corajosos, a força do amor”. A realidade terá de ser vista, observada e contemplada sempre pela verdade e pelo amor. Só deste modo se oferece uma comunicação que está ao serviço da pessoa humana e do bem da sociedade.
Tal como afirmámos em mensagem publicada há dois meses atrás, nas circunstâncias atuais de pandemia, a par com tantos heróis que estão na linha da frente a salvar vidas e acompanhar os que são mais excluídos e isolados, teremos de reconhecer e louvar o serviço fundamental e imprescindível da comunicação social. Toda ela, mas de modo especial a de proximidade como seja a comunicação social regional.
Com escassos meios mas com profissionais generosos e zelosos no desejo de comunicar, de oferecer a notícia, de auscultar as necessidades das populações mais distantes e esquecidas, e alertando para o dever de justiça e de partilha para com os que não têm voz nem vez na sociedade. Pelo seu trabalho na coesão nacional, na promoção cultural, na relação que estabelecem entre cidadãos que que estão fora do seu país e como dão expressão a tradições tão importantes para a vivência comunitária, merecem o apoio que lhes é devido pelas autoridades governativas e do poder público. Sentimos vivamente o apelo, e fazemo-lo nosso, que se tem feito sentir sobre a carência de meios e as dificuldades económicas por que estão a passar.
Vamos celebrar o LIV Dia Mundial da Comunicações Sociais, no domingo da Ascensão, próximo dia 24 de maio. As exigências que se colocam à comunicação social em geral e da Igreja em particular, apelam para que todos os cidadãos reflitam e sintam a sua importância na sociedade e na cultura atuais; mas de modo particular este apelo é lançado aos cristãos de forma a valorizarem com a sua atenção e contributo os meios de comunicação social da Igreja.
Este mesmo desafio é igualmente lançado a todas as pessoas de boa vontade que reconhecem a importância da presença da Igreja no cenário comunicativo, a qual oferece o seu contributo para uma comunicação mais digna da pessoa humana e do bem comum, a que contribuam para que os diversos meios de comunicação social da Igreja possam desempenhar o seu papel na edificação de uma sociedade mais justa e fraterna.
Apela-se para que se faça o habitual ofertório para as comunicações sociais da Igreja. Não sendo possível no dia próprio, escolher-se-á um domingo que seja mais oportuno. Somos impelidos a “fazer memória daquilo que somos aos olhos de Deus, testemunhar aquilo que o Espírito escreve nos corações, revelar a cada um que a sua história contém maravilhas estupendas”.