A alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos está preocupada com a instrumentalização da Covid-19 para “silenciar a liberdade de expressão” e apelou à comunidade internacional que tome medidas urgentes para reforçar os direitos civis, políticos, económicos e sociais, por forma a impedir que a paz e o desenvolvimento sejam ameaçados.
No seu discurso ao Conselho de Direitos Humanos, sobre a atualização global dos direitos humanos e o impacto da pandemia, Michelle Bachelet elogiou o que chamou de “abertura” da Coreia do Sul na resposta à pandemia, mas sublinhou a sua preocupação com países como Brasil, Belarus, Burundi, Nicarágua, Tanzânia e Estados Unidos da América.
Segundo a responsável, estas nações têm “declarações que negam a realidade do contágio viral e o aumento da polarização em questões-chave que podem intensificar a gravidade da pandemia, minando esforços para conter sua disseminação e fortalecer os sistemas de saúde”.
Bachelet manifestou-se ainda apreensiva com a situação na Rússia, China ou Nicarágua, onde se têm registado “ameaças e intimidações a jornalistas, blogueiros e ativistas, sobretudo a nível local, com o objetivo aparente de desencorajar crítica das respostas das autoridades”, com as “restrições severas às liberdades de expressão” no Egito, e a “aplicação excessiva e arbitrária” de medidas de resposta à pandemia em El Salvador.
Para a alta comissária, a censura e a criminalização do discurso podem suprimir informações cruciais necessárias para lidar com a Covid-19, sendo por isso fundamental “que os líderes mantenham comunicação consistente e baseada em fatos” com os cidadãos.