A Humanidade enfrenta hoje desafios como poucos algum dia imaginaram. Num curto espaço de tempo tudo se tornou diferente sem que consigamos compreender ainda se e quando voltaremos a alguma normalidade e qual a forma que esta assumirá. Estamos colocados perante um novo contexto a cuja origem não somos estranhos. Existe consenso científico em torno do contributo que a relação que temos estabelecido com a natureza e a forma de globalização que temos exercitado, desempenharam na criação das condições que resultaram na situação atual.
A disrupção causada na vida das pessoas e das famílias, nas regras de convivência social, na economia, é inegável e será longo o caminho até uma nova normalidade. A grande questão é: quais serão as características e até que ponto conseguiremos potenciar uma nova realidade que nos proteja de crises futuras que já se avizinham e que serão inevitáveis se apostarmos no regresso ao modelo passado com tão grandes impactes no ambiente. Contudo, se agirmos com sapiência e coragem, esta crise pode ser superada através da união de esforços na transformação dos modelos socioeconómicos, focando-nos no bem-estar das pessoas e no estabelecimento de uma relação de equilíbrio e respeito pelos limites do planeta. E os sinais desta transformação já começam a ser visíveis.
É um novo mundo de possibilidades que se abre e pode ancorar e ser potenciado por avanços conseguidos nos últimos anos na área das energias renováveis, da mobilidade sustentável, da agroecologia, do repensar dos produtos no sentido de fomentar a sua durabilidade, reparabilidade e possibilidade de reutilização e reciclagem. Precisamos de aprender com a natureza, onde a diversidade é a estratégia para o equilíbrio e para a resiliência. Uma sociedade que vive principalmente à custa de uma única atividade, como tem sido o nosso caso com o turismo em Lisboa e Porto ou o olival intensivo no caso da agricultura, sofre mais em termos económicos e sociais aquando de uma crise.
Com a emergência climática em câmara lenta, este é um momento de escolhas difíceis, mas é também o momento que definirá o nosso futuro coletivo. Por isso, devemos enfrentá-lo com esperança e com coragem para promover a transição para a sustentabilidade, fundamental para a existência da espécie humana.