A privação de recursos essenciais à sobrevivência das comunidades rurais está a ser usada como arma de guerra no Sudão do Sul pelas forças governamentais, concluiu uma investigação da Comissão de Direitos Humanos das Nações Unidas. No mais recente relatório sobre a situação no país, os militares são ainda acusados de pilhar bens à população.
O conflito que se arrasta há sete anos continua a causar um “sofrimento incalculável” à população, o que se traduz em níveis impressionantes de insegurança alimentar aguda e desnutrição, com cerca de 7,5 milhões de pessoas a necessitarem de assistência humanitária. A falta de comida agrava ainda os problemas com a corrupção, com as divisões étnicas e a violência.
“É bastante claro que tanto o governo quanto as forças da oposição usaram a fome de civis como método de guerra, às vezes como um instrumento para punir comunidades não alinhadas, como no caso de Jonglei”, afirmou, em comunicado, a presidente da Comissão, Yasmin Sooka.
O relatório deve servir de guia para a implementação dos principais compromissos assumidos no Acordo de Paz Revitalizado, mas para Barney Afako, um dos membros da Comissão, “sem a execução de um processo de justiça inclusivo e completo, conforme previsto no Acordo de Paz, a paz sustentável continuará a ser uma ilusão”.