A Cáritas Portuguesa está a receber pedidos de ajuda diariamente de pessoas a quem a pandemia de Covid-19 tirou rendimentos e o emprego e não meios para pagar as suas contas. Só em apoio ao pagamento de rendas e medicamentos, a instituição já entregou quase 80 mil euros. E a necessidade de apoio alimentar cresce de dia para dia.
Em declarações à agência Lusa, a propósito do Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, que se assinala este sábado, 17 de outubro, o presidente da Cáritas aponta o dedo ao avanço rápido do acumular de riqueza “nas mãos de uns poucos” e à disparidade na sua distribuição para sinalizar o contraste com os “ténues sinais” de eliminação da pobreza, muito por falta de “vontade honesta e decidida”, recusando ainda “ideias fatalistas de que a pobreza é algo que sempre acompanha o mundo”.
Desde o início da crise epidémica a instituição, através das várias Cáritas Diocesanas espalhadas pelo país, já apoiou com a entrega de vales para compra de alimentos em supermercados 4.660 pessoas, um apoio de 58.465 euros, pago com verbas próprias, canalizadas para uma linha de apoio específica de combate aos efeitos da pandemia no valor de 150 mil euros.
Se a alimentação é a ajuda que envolve um maior número de beneficiários, os apoios para pagar rendas, eletricidade, medicamentos e exames médicos são o que mobiliza uma verba mais avultada, de quase 80 mil euros. As rendas representam 61 por cento dos pedidos do montante já gasto, já os pedidos de ajuda para pagar medicamentos e exames médicos representam 17 por cento desse total.
Segundo Eugénio Fonseca, a maioria dos pedidos de ajuda chega de quem ficou desempregado, mas também de quem teve uma quebra nos rendimentos e de outra franja muito apoiada pela Cáritas, os migrantes, que manifestam junto da instituição a vontade de regressar aos países da origem, um apoio assegurado pelo Estado e para o qual são encaminhados.