Os países ricos “têm uma dívida de cinco mil milhões de euros para com os países mais pobres”, devido ao incumprimento do compromisso de destinar 0,7 por cento do Rendimento Nacional Bruto à ajuda ao desenvolvimento, assinado há 50 anos, denuncia organização não governamental (ONG) Oxfam Intermón.
Em comunicado destinado a assinalar o 50º aniversário da adoção deste compromisso, que se cumpre este sábado, 24 de outubro, a ONG adverte que a crise económica provocada pela pandemia de Covid-19 aumentará ainda mais as necessidades e ameaça reduzir o gasto em ajuda oficial ao desenvolvimento.
Pormenorizando, a Oxfam refere que os países mais ricos acumulam uma dívida “nove vezes superior a toda a dívida que a África subsariana tem neste momento com governos, organismos internacionais e o setor privado”.
Em 2019 , segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), os países ricos destinaram 0,3 por cento do seu rendimento nacional bruto à ajuda ao desenvolvimento, e só cinco países (Luxemburgo, Noruega, Suécia, Dinamarca e Reino Unido) cumpriram ou excederem o objetivo de 0,7 por cento.
Para a Oxfam, os cinco mil milhões de euros em falta recaem nos 260 milhões de crianças sem escolarização, sobre a metade da população mundial que carece de acesso a serviços sanitários básicos e nos dois mil milhões de pessoas que não têm garantida a sua alimentação.
“Os governos destinam mais do dobro de fundos a subsidiar os combustíveis fósseis do que em ajuda ao desenvolvimento, o que demonstra que não se trata de um problema de recursos mas de vontade política”, precisam os responsáveis da organização.