A falta de financiamento está a atrasar a luta contra a malária, um processo que poderá sofrer novos adiamentos por causa da pandemia de Covid-19. Segundo o mais recente Relatório Global da Malária, publicado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), o ano passado foram confirmados 229 milhões de casos da doença e cerca de 409 mil mortos, números que se têm mantido praticamente inalterados há quatro anos.
Perante estes dados, o diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, alertou, em comunicado, que “é hora de os líderes de toda a África, e do mundo, enfrentarem mais uma vez o desafio da malária, assim como fizeram quando lançaram as bases para o progresso alcançado desde o início deste século”.
Em 2000, os líderes africanos assinaram a Declaração de Abuja, prometendo reduzir as mortes por malária no continente para metade, ao longo de um período de 10 anos. O compromisso político, juntamente com as inovações médicas e um aumento no financiamento, criaram um período de sucesso sem precedentes no controle da doença – 1,5 biliões de casos e 7,6 milhões de mortes foram evitados desde então.
Agora, a OMS está preocupada que a redução do investimento na prevenção e as interrupções no acesso ao tratamento, possam levar a uma perda considerável de vidas. Segundo o relatório, uma interrupção de 10 por cento no acesso ao tratamento na África subsariana pode levar a 19 mil mortes adicionais, e interrupções de 25 a 50 por cento na mesma região podem resultar entre 46 mil e 100 mil mortes a mais.