A ajuda humanitária à população de Tigré, a região etíope que se encontra no centro de um conflito entre o exército regular o um movimento de independentistas, poderá começar a chegar muito em breve, ao abrigo de um acordo assinado entre a Etiópia e as Nações Unidas para a criação de um corredor humanitário “sem obstáculos”.
Esta região norte da Etiópia está isolada desde 3 de novembro, data em que se iniciaram os confrontos, o que levou a que os alimentos, combustíveis e bens essenciais se esgotassem. Durante semanas, a ONU e outros organismos internacionais tinham pedido o acesso à área para levar ajuda aos seis milhões de habitantes, mas sem sucesso.
Neste momento, estima-se que há mais de um milhão de pessoas deslocadas, 45 mil das quais fugiram para o vizinho Sudão. Em pior situação encontram-se os cerca de 100 mil refugiados eritreus, cujos acampamentos próximos da fronteira de Tigré estavam na primeira linha do conflito. Suspeita-se que alguns refugiados foram assassinados ou sequestrados.
Até ao início dos confrontos, o governo de Tigré e a ajuda humanitária internacional proporcionavam assistência e suprimentos suficientes para a vida diária de milhares de refugiados. Com os combates, esta ajuda terminou e a situação que se vive nos acampamentos é considerada extremamente grave.
“Pedimos encarecidamente a intervenção urgente das principais instituições internacionais com três objetivos prioritários: verificar a notícia do repatriamento forçado para a Eritreia de milhares de refugiados; organizar canais humanitários que permitam a transferência para outros estados dos milhares de refugiados que se viram envolvidos nesta guerra contra a sua vontade e reabrir imediatamente as fronteiras de Tigré à ajuda humanitária”, afirmou à agência Fides o padre Mussie Zerai, um sacerdote eritreu comprometido com o apoio aos refugiados do seu país.