“Generosidade e empenho, fraternidade e esperança”. Estas são as palavras-chave para fazer de 2021 o ano da mudança, o ano em que se possa recuperar do impacto económico e social provocado pela pandemia da Covid-19, mas sobretudo um ano em que se supere a crise dos relacionamentos humanos, defendeu o Papa Francisco esta segunda-feira, 8 de fevereiro, na audiência com os embaixadores na Santa Sé.
“O ano de 2021 é um tempo a não perder; e não se perderá na medida em que soubermos colaborar com generosidade e empenho”, afirmou o Pontífice, renovando o apelo para que os cuidados na área na saúde, como as vacinas, por exemplo, estejam à disposição de todos, sobretudo dos mais vulneráveis
Apesar de dedicar boa parte do seu discurso à pandemia e às suas consequências, Francisco lembrou que “não é apenas o ser humano que está doente”, mas também a terra, dando o exemplo da exploração indiscriminada dos recursos naturais e as mudanças climáticas, que provocam, por sua vez, insegurança alimentar e desastres ambientais em países como o Burkina Faso, Mali, Níger e Sudão do Sul.
No plano económico, o Papa destacou que as medidas de contenção para travar o avanço do novo coronavírus causaram o aumento do desemprego e da vulnerabilidade social, acentuando as crises humanitárias, como o tráfico de seres humanos, a exploração da prostituição e os fluxos migratórios, e as violações contra milhares de deslocados, refugiados e repatriados.
“Oxalá esta conjuntura que estamos a atravessar sirva, igualmente, de estímulo para perdoar ou, pelo menos, reduzir a dívida que pesa sobre os países mais pobres, impedindo efetivamente a sua recuperação e pleno desenvolvimento”, pediu o Pontífice, salientando a necessidade de uma “revolução” que coloque de novo a economia ao serviço do homem.
Para Francisco, porém, há uma outra crise que pode revelar-se a mais grave de todas: a crise dos relacionamentos humanos, expressão de uma crise antropológica geral. A Covid-19 interferiu nos relacionamentos familiares, com o aumento da violência doméstica, e nas limitações da liberdade religiosa, causando também uma “catástrofe educativa”que evidenciou a desigualdade no acesso à instrução.
Neste sentido, Francisco aponta a fraternidade como o antídoto para curar muitos destes males. “Considero que a fraternidade seja o verdadeiro remédio para a pandemia e os inúmeros males que nos atingiram. Fraternidade e esperança são remédios de que o mundo precisa, hoje, tanto como as vacinas”, concluiu o Santo Padre.