Este verão é motivo de especial alegria para Álvaro Pacheco, sacerdote Missionário da Consolata. Aos 50 anos de idade, o religioso natural de Lordelo, Paredes, celebra 25 anos de ordenação sacerdotal e recorda como já em pequeno “sonhava com uma vida dedicada a fazer o bem aos outros”. Em criança conheceu o Seminário da Consolata de Águas Santas e uns anos depois acabou por ingressar nessa comunidade, tendo iniciado o seu percurso vocacional com apenas 13 anos. Os anos foram passando e a “vocação missionária foi amadurecendo”, assim com “o amor pela diversidade de povos e culturas” e por Deus. Foi ordenado sacerdote a 14 de julho de 1996, na Sé do Porto. Passou 17 anos da sua vida na Coreia do Sul, uma experiência que o marcou profundamente.
Em missão na Coreia do Sul
“Tive de aprender uma língua nova, uma cultura diferente e desafiante, entrar num mundo radicalmente oposto ao meu em muitos aspetos, sobretudo a nível religioso e de conceitos como a amizade, a família, entre outros. Marcou-me imenso o dia em que terminei o curso básico da língua coreana, o dia em que celebrei pela primeira vez a missa em coreano, o dia em que realizei a primeira Eucaristia sem ler a homilia – falei somente dois minutos, tremendo por todos os lados – assim como o dia em que fui capaz de beber cerveja, pois era abstémio, e de comer picante, e em que me disseram – ‘Agora és um de nós’”. Álvaro Pacheco recorda com saudade o “acompanhamento espiritual de alguns membros da comunidade brasileira, as viagens missionárias” que realizou à Mongólia, Tailândia, Hong Kong e Filipinas, e o facto de ter sido diretor da revista “Consolata” durante 15 anos. Fazem também parte das suas melhores recordações o “convívio e colaboração com outros missionários estrangeiros”, e os laços de amizade que foram criados.
Promoção do diálogo intercultural e inter-religioso
De regresso a Portugal, a atividade missionária não cessou. Uma vez na Figueira da Foz, o missionário envolveu-se no ciclo de conferências ‘Diálogos ComSentidos’. “Fui atraído a este projeto por causa do seu aspeto intercultural e inter-religioso, porque sempre gostei da diversidade a estes dois níveis, e porque o diálogo é um campo enorme a explorar também a nível da missão. O ‘abanar de consciências’ e a apresentação de formas variadas de pensar e viver é o principal fruto que esta iniciativa conseguiu produzir. Muitos mais [encontros] virão, certamente, pois agora somos uma associação, ligada à Universidade Lusófona, estando atualmente a proceder à elaboração de um novo programa de atividades”, conta o sacerdote.
Uma vida apresentada em desenho
Atualmente, o padre Álvaro encontra-se no seminário missionário da Consolata de Águas Santas, na Maia, e dedica-se a prestar “acompanhamento pessoal, espiritual e psicológico” a diversas pessoas, e a “animar missionariamente” diversas comunidades, entre muitas outras funções. Neste verão é possível conhecer em Lordelo a exposição do padre Álvaro, designada “Histórias contadas a lápis”. A mostra reúne desenhos elaborados pelo missionário na sua juventude em Londres e na sua vida missionária na Coreia do Sul. Através desta iniciativa, o sacerdote explica que pretende “proporcionar uma reflexão sobre a beleza a diversidade cultural e artística” do mundo ocidental, através da coleção de Londres, mas também “apresentar uma parte significativa da cultura de um povo” que faz parte de si – a Coreia do Sul. “Espero poder depois levá-la a outras partes do país”, refere o religioso.
Um percurso de doação aos outros
O padre Álvaro faz um retrato radiante de tudo quanto viveu até aqui. “O balanço é muito positivo, acima de tudo porque Deus me concedeu sempre muito mais do que eu podia pedir, esperar ou sonhar. Tenho vindo a partilhar a minha vida, a minha fé e visão do mundo com uma variedade fantástica de pessoas, povos e culturas, com os quais complemento e melhoro a minha essência, a minha perspetiva sobre a vida e sobre Deus, sempre apoiado pela minha família de sangue e missionária”.
A todos aqueles que se sentem atraídos pela vida missionária, o padre Álvaro pede para que se “deixem cativar, apaixonar e motivar pela possibilidade única de crescerem e partilharem o que são com povos e culturas fascinantes e, claro, desafiantes”. A vida missionária é um caminho para poder viver uma “vida com sentido, profundidade e como dom para outros”, destaca o missionário.