A Fundação Allamano, através do seu centro de acolhimento temporário para migrantes, celebrou vários protocolos de cooperação com o Alto Comissariado para as Migrações (ACM), para o acolhimento temporário de migrantes, todos eles pelo período de 18 meses. Os primeiros beneficiários, um grupo de nove rapazes que chegaram em outubro de 2020, terminaram este processo no passado dia 8 de abril, outros cinco em junho, dois em julho e outros em setembro.
O plano de acolhimento celebrado com as instituições governamentais foi integralmente cumprido e com total sucesso. A passagem dos migrantes no centro, através do trabalho dos seus técnicos, resultou na sua integração plena, conforme fomos relatando nos números anteriores desta revista. Houve aprendizagem da língua portuguesa, inscrição na Autoridade Tributária (AT), Segurança Social, Serviço Nacional de Saúde (SNS), e no Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP). Todos os cuidados de saúde foram garantidos. Com o apoio de parceiros institucionais e particulares, foi possível garantir rastreios, consultas e tratamentos de oftalmologia, saúde oral, entre outros.
Muito além do que o protocolo prevê, a Fundação Allamano apoiou todos os que acolheu: na alimentação e nos bens essenciais, como higiene pessoal e vestuário, assim como na preparação e nas candidaturas de emprego, acompanhando-os nas entrevistas e no primeiro dia de trabalho para mostrar os trajetos e transportes. Contribuiu para a literacia financeira, criação de contas bancárias, e promoveu a interculturalidade, desenvolvendo encontros, festas e visitas culturais. No campo religioso, fomentou o respeito e a liberdade religiosa como direito fundamental e individual de todo o ser humano.
O maior sucesso deste projeto reside no facto de todos os migrantes estarem a trabalhar. Ter um contrato de trabalho é o principal objetivo e garantia de autonomia pessoal de cada um: com um vencimento mensal podem obter o reconhecimento público enquanto cidadãos contribuintes e reclamar os direitos próprios, de forma a justificar a residência definitiva no nosso país. É chegada a hora de dar o salto, de sair do ninho protetor da entidade que os acolheu, agradecer a oportunidade e assumir com responsabilidade o futuro que se avizinha. A sua saída é a porta de entrada para outros que, em situação semelhante aguardam também esta nova oportunidade de vida.
A equipa técnica, direção e conselho de administração, como sempre fizeram, com manifesto sucesso, mantêm-se disponíveis para os continuar a apoiar neste processo de integração social, nomeadamente junto das instituições governamentais como o Alto Comissariado para as Migrações, Serviço de Estrangeiros e Fronteiras e Segurança Social. Boa sorte! Sejam felizes!
Texto: José Miranda, membro da direção da Fundação Allamano