A escravatura moderna é uma das mais graves violações dos direitos humanos do século XXI. Esta “escravatura moderna” atravessa todas as linhas étnicas, culturais e religiosas. Os dados revelam que a escravatura aumentou em todo o mundo nos últimos anos. Hoje, existem mais pessoas em situação de escravatura do que em qualquer outro momento da história. As estimativas da Organização das Nações Unidas (ONU) indicam que mais de 50 milhões de pessoas vivem em situação de escravatura. Milhões de homens, mulheres e crianças são obrigados a trabalhar ou a estar num casamento forçado.
O último relatório publicado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), Organização Internacional para as Migrações (OIM) e “Walk Free Foundation” revelou que as condições de vida e de trabalho das pessoas se degradaram nos últimos cinco anos, devido à pandemia da covid-19, às alterações climáticas e aos conflitos armados. Segundo o documento, a ONU quer erradicar este flagelo até 2030. Infelizmente, as notícias não são animadoras. O ano 2021 terminou com mais 10 milhões de pessoas em situação de escravatura moderna do que as estimativas globais para 2016. Cerca de 27,6 milhões eram pessoas submetidas a trabalhos forçados e 22 milhões casadas contra a sua vontade.
Esta situação global põe em risco a luta pela justiça social e o desenvolvimento sustentável. Portanto, é urgente implementar medidas eficazes para combater o flagelo. A comunidade internacional deve adotar boas políticas, reunir os recursos para superar este obstáculo e obter os progressos para acabar com a escravatura moderna. Não bastam as promessas e declarações de boas intenções.
Nesta época caracterizada pela globalização das questões sociais, todos devemos reconhecer e afirmar a centralidade da pessoa humana em todos os âmbitos, e em todos os cantos do mundo. “A doutrina social da Igreja interpela-vos sobretudo a vós, cristãos leigos, a viver na sociedade como um ‘testemunho de Cristo Salvador’ e abre-vos os horizontes da caridade”, disse o Papa João Paulo II. “Com efeito, esta é a hora da caridade, capaz de animar, com a graça do Evangelho, as realidades humanas do trabalho, da economia, da política, traçando os caminhos da paz, da justiça e da amizade entre os povos”, afirmou João Paulo II.