A Cáritas Internacional publicou o livro Igualdade, Encontro e Renovação, no âmbito no Dia Internacional da Mulher, celebrado a 8 de março. Com cerca de 50 páginas, a obra apresenta testemunhos de mulheres que trabalham na Cáritas nas Maurícias, Geórgia, Fiji, Chile, Síria, Tunísia, África do Sul, Uganda, Bangladesh, Equador, Colômbia, Quirguistão, Tonga, Iraque, México, América do Norte e Ucrânia, entre outros países. A publicação foi preparada ao longo de cerca de quatro anos, conforme indicou Alistair Dutton, secretário-geral da Cáritas Internacional, na conferência de imprensa de apresentação do livro, a 7 de março.
O prefácio da obra foi escrito por Alessandra Smerilli, religiosa e secretária do Dicastério para a Promoção do Desenvolvimento Humano Integral, que lamenta a marginalização das mulheres. “Apesar da igual dignidade de cada pessoa, historicamente, ao longo dos séculos, em tantos aspetos da vida, as mulheres não tiveram acesso às mesmas oportunidades que os homens”, disse. “A exclusão social e cultural sistemática das mulheres” não é algo do passado, e também pode ser vista “quando se olha para a liderança no mundo de hoje”, uma vez que as mulheres “ainda não desfrutam de uma representação equilibrada na liderança e na tomada de decisões em muitos governos e organizações”, apesar de representarem metade da população global.
No decorrer da sessão de apresentação do livro, foi revelado que uma análise interna dos números da organização humanitária mostrou que, apesar das mulheres serem mais do que os homens no interior deste organismo da Igreja Católica, os homens ocupavam desproporcionalmente posições de liderança, o que se atribui ao facto de os presidentes e secretários dos ramos da Cáritas serem frequentemente ocupados por bispos ou sacerdortes. Os oradores que apresentaram estes dados afirmaram que poderia ser criado mais espaço para as mulheres nos conselhos e comités de governo da organização, sendo que no próprio livro, a Cáritas assume o compromisso de tomar medidas para a inclusão das mulheres.
Em alusão ao Sínodo dos Bispos que terminará em outubro, em Roma, Ruperta Silva, missionária carmelita do México e secretária da seção pastoral afro-mexicana da Cáritas no México, disse que a América Latina tem “um rosto de mulher, mas no final é sempre um homem que toma a decisão”. “Queremos mais espaço para as mulheres nos processos de tomada de decisão”, pediu.
Sobre o diaconado das mulheres, um tema atualmente em discussão no Sínodo dos Bispos, Ruperta Silva disse, em declarações ao portal de informação Crux, que esta é uma questão sobre a qual “ainda não há consenso”, mas que na diocese onde vive, em Puerto Escondido, “quase todas as religiosas” têm a missão “de pregar, de celebrar”, e de orientar celebrações. Face a este contexto, a religiosa manifestou a esperança de que os bispos considerem uma abertura seletiva ao diaconado feminino, tendo em conta as necessidades no terreno, sendo que há muitos lugares que poderiam fazer uso deste recurso, mas as dioceses “estão fechadas, não o querem”.