O Papa Francisco convidou toda a Igreja a refletir sobre a sua vida e missão, indicando o caminho da sinodalidade. Este “caminhar juntos” é o que mais manifesta a natureza da Igreja como Povo de Deus. “Fazer Sínodo significa caminhar pela mesma estrada, caminhar em conjunto. O Sínodo é um caminho de discernimento espiritual, de discernimento eclesial, que se faz na adoração, na oração, em contacto com a Palavra de Deus,” declarou o Papa, na abertura do Sínodo sobre a Sinodalidade.
O caminho para a celebração do Sínodo que o Papa iniciou em Roma, a 9 de outubro de 2021, já passou por várias fases. Um caminho de quase três anos de reflexão, de escuta e de discernimento. Foi feita também uma consulta às Igrejas locais de todo o mundo, a partir de uma questão orientadora: “Como ser Igreja sinodal missionária?”
O “Instrumentum Laboris” da segunda sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo, que vai decorrer de 2 a 27 de outubro de 2024, foi apresentado no início do mês de julho. O documento afirma que “podemos esperar um aprofundamento da compreensão partilhada da sinodalidade, um maior enfoque das práticas de uma Igreja sinodal e também a proposta de algumas alterações no direito canónico (outras, mais significativas, que poderão ser implementadas após uma melhor assimilação e vivência da proposta de fundo), mas seguramente não a resposta a todas as questões. Até porque outras irão surgir ao longo do caminho de conversão e de reforma que a Segunda Sessão convidará toda a Igreja a realizar”.
O Papa Francisco, desde o início do seu pontificado, tem insistido na ideia de que a Igreja deve ser um “hospital de campanha”. Uma metáfora a indicar que ela não deve ficar isolada do mundo, mas deve “ir ao encontro, procurar os afastados e chegar às encruzilhadas dos caminhos para convidar os excluídos”.
Segundo Tomáš Halík, “o caminho sinodal não é apenas um caminho para uma reforma, mas um caminho de reforma”. O autor do livro ‘A tarde do cristianismo’ afirma que para que a Igreja Católica seja verdadeiramente católica, “deve completar a transformação que começou no Concílio Vaticano II: a mudança do catolicismo para a catolicidade. A Igreja precisa de reinventar e desenvolver mais plenamente a sua catolicidade e a universalidade da sua missão e esforçar-se para ser, verdadeiramente, tudo para todos”.