O Papa vai presidir dia 20 de outubro à canonização do beato José Allamano, juntamente com 13 novos santos da Igreja Católica. Este é um momento muito significativo para a família missionária da Consolata, composta por padres, irmãos, irmãs, leigos e leigas.
Mal foi conhecida a notícia, o superior geral dos Missionários da Consolata, padre James Lengarin, e a superiora geral das Missionárias da Consolata, irmã Lúcia Bortolomasi, numa mensagem conjunta enviada a toda a Família Consolata, escreveram – “A sua canonização é para todos nós um dom imenso que nos convida a escutá-lo, a tirar sempre mais proveito da riqueza da sua santidade. Que os nossos olhos e os nossos corações estejam fixos no nosso fundador para o escutar e olhar a sua santidade, que nos estimula a continuar a sua missão de modo sério e profundo”.
Tendo já no horizonte o dia 20 de outubro, data da canonização, os superiores dos dois institutos convocam toda a grande Família Consolata para uma preparação espiritual “intensa” – “Queremos viver estes dias de espera que nos separam do dia em que o proclamaremos santo com uma intensa preparação espiritual, para que este momento de graça para os dois institutos e para toda a Igreja seja uma oportunidade de nos renovarmos na graça carismática”.
Citam de seguida José Allamano, que a todos chamava à santidade de vida, reconhecendo o grande dom que é para todos a sua canonização – “Eis, meus queridos, a santidade que desejo de vós: não milagres, mas fazer tudo bem feito. Tornar-nos santos no quotidiano. O Senhor, que inspirou esta fundação, inspirou também as suas práticas, os meios de adquirir a perfeição e de nos tornarmos santos”.
O milagre que abriu as portas à canonização
Atribui-se à intercessão de Allamano a cura milagrosa do indígena Sorino, membro da tribo dos Yanomami, que no dia 7 de fevereiro de 1996 – primeiro dia da novena do beato Allamano – foi atacado por uma onça-pintada na floresta amazónica de Roraima, no Brasil. Foi levado para o hospital de Boa Vista, e cuidado pelas Irmãs Missionárias da Consolata, que não cessaram de rezar pela sua recuperação por intercessão do fundador. Apesar de uma grande hemorragia e de múltiplos e graves ferimentos no cérebro, Sorino não só sobreviveu ao acidente, mas também pôde retomar a sua vida normal, sem quaisquer consequências do trauma sofrido. Recuperou milagrosamente a saúde em poucos meses e hoje continua a viver na sua comunidade indígena.
Um longo caminho foi percorrido até à data que agora nos conduz à canonização de Allamano. É uma oportunidade para agradecer a todos aqueles que deram o seu tempo e esforço para que pudéssemos celebrar esta grande festa, de modo especial à irmã Renata Conti e ao padre Giacomo Mazzotti, que acompanham atualmente a postulação, e manifestam especial alegria pelo anúncio da canonização do beato Allamano.
A investigação diocesana para o estudo do alegado milagre teve lugar em março de 2021, em Boa Vista. Três anos depois, no passado dia 23 de maio, o Papa Francisco autorizou o cardeal Marcello Semeraro a publicar o decreto de aprovação do milagre de Sorino Yanomami atribuído ao beato José Allamano.
O bispo da diocese de Roraima, Evaristo Pascoal Spengler, emitiu uma nota onde manifesta a sua alegria perante o “feliz anúncio da canonização” de Allamano. “É o Deus misericordioso, mais uma vez, a agir na nossa história. Deus não se cansa de nos surpreender com o seu amor e a sua bondade”. Juntamente com os missionários, esta alegria também é vivida pela Igreja de Roraima, “pois reconhece o milagre por intercessão do beato Allamano, em favor do indígena Yanomami Sorino, que mora na nossa diocese, na Missão Catrimani, reserva indígena do povo Yanomami em Roraima”, escreve o bispo diocesano.
Texto: Albino Brás, Missionário da Consolata