Missionários, missionárias e leigos da Consolata trabalham juntos no Zambujal | Foto: DR

Estávamos no ano 2000 quando recebemos a notícia: “A Consolata vai abrir uma nova missão na Europa!” A novidade vinha do capítulo de Sagana, decorrido no Quénia, onde se redefiniu o conceito ‘ad gentes’ (Para as nações, em português). A partir dali, a Europa já não seria apenas berço de seminaristas, mas também território de missão, ou seja, lugar de primeiro anúncio. Havia que redescobrir o evangelho em terras do velho continente. Incrível…

Nessa altura, eu tinha 20 anos e acompanhei o primeiro passo dos Missionários e Missionárias da Consolata – dirigirem-se ao patriarca de Lisboa para saber onde seria necessário trabalhar. Visitaram vários bairros, e o bispo José Policarpo apontou o Zambujal como o lugar mais urgente para a presença da Consolata. Um bairro periférico construído durante os anos 70 para albergar famílias que tinham migrado do interior de Portugal para Lisboa, à procura de um futuro melhor. Um bairro com um plano urbanístico muito bem pensado: ruas largas, duas ruas pedonais, muitos espaços verdes, prédios à escala humana de três ou quatro andares e boa exposição solar. Os arquitetos até ganharam um prémio internacional.

Uma vez tomada a decisão de ir para o Zambujal, constituiu-se uma equipa com os três pilares do carisma da Consolata: o padre José Matias, a irmã Raffaelita Baravalle, e os Leigos Missionários da Consolata. O momento era de total entusiasmo, afinal de contas, até então, a missão passava sempre por outros continentes mais longínquos.

A capela do Zambujal era (e continua a ser) um espaço no rés do chão de um prédio. A eucaristia passou a ser semanal, aos domingos à tarde. Numa das várias reuniões de equipa, foram os leigos a sugerir que a missa passasse para as 11h00, horário que ainda se mantém até hoje. O espaço da capela foi totalmente remodelado em várias fases, pelas diferentes equipas missionárias que lá trabalharam em conjunto com a comunidade. Hoje tem um ambiente acolhedor, em que o altar é envolvido quase na totalidade pela assembleia. Este espaço celebrativo é, na prática, multiusos. Ali já aconteceram aulas de costura, de guitarra e de alfabetização de adultos, assim como apoio escolar, catequese, festas de Natal e da Páscoa… Enfim, é um verdadeiro espaço celebrativo da vida diária. Concretizar a vocação cristã no bairro do Zambujal, através do carisma da Consolata e do Allamano, é, sobretudo, encontrar pessoas que passam a ser como família.

Texto: Mário Linhares

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