Desde janeiro passado, mais de 25 mil migrantes chegaram às costas britânicas depois de atravessarem o Canal da Mancha a bordo de barcos improvisados | Foto de arquivo: EPA / Juan Medina

Depois da morte de mais quatro migrantes, incluindo uma criança de dois anos, durante a tentativa de atravessar o Canal da Mancha de França para Inglaterra no início desta semana, o Serviço Jesuíta aos Refugiados (JRS, na sigla inglesa) insiste que esta “terrível tragédia” podia “ser evitada”.

Enquanto o governo francês confirmava que a criança havia sido “espezinhada até à morte” na embarcação onde seguia e prometia “intensificar a luta” contra as “máfias que enriquecem com a organização destas travessias da morte”, o JRS britânico assinalava que “uma fiscalização cada vez mais apertada não é solução”. “Se queremos realmente salvar vidas humanas, devemos construir pontes em vez de muros para aqueles que procuram refúgio”, sublinhou a organização de defesa de direitos dos migrantes, numa declaração através das redes sociais.

Lembrando que “cada um dos que perderam a vida era filho ou filha de alguém, amigo de alguém, tinha sonhos que agora nunca serão realizados”, o JRS lamentou que estes migrantes estejam “aos pés de um sistema que se concentra em tornar cada vez mais difícil para as pessoas desesperadas atravessarem as fronteiras”.

Desde janeiro passado, mais de 25 mil migrantes chegaram às costas britânicas depois de atravessarem o Canal da Mancha a bordo de barcos improvisados, um número que aumentou 4% relativamente ao mesmo período de 2023, segundo estatísticas do Ministério do Interior britânico publicadas a 23 de setembro.

Uma série de naufrágios fez de 2024 o ano mais mortífero desde que, em 2018, teve início o fenómeno das travessias a bordo de barcos insufláveis improvisados, em resposta ao bloqueio cada vez mais apertado do acesso ao túnel sob o Canal da Mancha e ao porto de Calais.

No passado sábado, 5 de outubro, dia em que se registaram as mortes, mais de 970 migrantes atravessaram o Canal da Mancha, tendo este sido o maior número diário registado no ano de 2024. Até esse dia e desde o início do ano, pelo menos 47 migrantes já tinham morrido durante estas tentativas de travessia do canal, em comparação com 12 em 2023.

Texto redigido por 7Margens, ao abrigo da parceria com a Fátima Missionária.